Viver com diabetes tipo 1 exige dedicação e adaptações diárias, especialmente quando o diagnóstico acontece ainda na infância. Para a dona de casa Grazielly Raianny Ferreira de Oliveira, de 29 anos, a descoberta da condição de sua filha, Emanuelly Victoria de Oliveira Cunha, de 8 anos, foi um verdadeiro susto. A família, que mora em Valparaíso de Goiás, teve que aprender rapidamente a lidar com a nova realidade, ajustando a rotina e buscando informações sobre a doença.
O choque do diagnóstico de diabetes e a adaptação da família
No dia 2 de outubro de 2021, a vida de Grazielly mudou para sempre. Até então, ela desconhecia o diabetes tipo 1 e acreditava que a doença afetava apenas pessoas mais velhas. O susto veio quando, no hospital, a glicemia de Manu chegou a 589 mg/dL. “Foi um choque total. Eu nem sabia que existia esse tipo de diabetes. No começo, foi tudo muito complicado”, conta a mãe.
Com o tempo, no entanto, Grazielly mergulhou em pesquisas sobre o tema, buscando informação em vídeos e grupos de apoio. “Comecei a estudar sobre a doença e colocar em prática o que aprendia. Hoje, três anos depois, a rotina ainda tem desafios, mas conseguimos manter o equilíbrio”, explica.
Uma rotina com muitos “nãos”, mas também com equilíbrio
Mesmo com as limitações impostas pela condição, Manu leva uma vida relativamente normal, embora precise ouvir muitos “nãos” ao longo do dia. “Ela é boazinha e entende que é para o bem dela”, diz Grazielly.
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A família tenta manter uma alimentação equilibrada e, sempre que possível, busca alternativas saudáveis para matar a vontade de doces. “Pesquiso muito sobre receitas sem açúcar e com baixo teor calórico. Mas, de vez em quando, abrimos exceções, porque ela é uma criança, e a vida não pode ser feita apenas de proibições.”
Monitoramento e dificuldades com o SUS
O controle da glicemia é uma das partes mais críticas do tratamento. Como a cidade onde vivem não oferece sensores de monitoramento contínuo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a família precisa medir os níveis de glicose da menina pelo glicosímetro. “Fazemos medições antes de cada refeição e a cada duas horas depois de comer. O SUS fornece 100 tiras por mês, mas se acabar antes, temos que comprar mais”, explica.
Além disso, a falta de lancetas é outro obstáculo. “Se não temos o material necessário, precisamos desembolsar dinheiro para continuar o controle. Nosso maior sonho é que ela consiga o sensor, que traria mais segurança para ela e para nós.”
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Episódios de susto: hipoglicemia na escola
Ao longo desses três anos de tratamento, Grazielly passou por momentos difíceis, mas um deles marcou profundamente: uma crise de hipoglicemia na escola. “Cheguei lá e ela estava gritando desesperada. A professora tentava ajudar, mas não sabia o que fazer”, relembra. Os episódios de hiperglicemia também ocorrem, mas Grazielly tenta se manter calma para que a filha não fique ainda mais agitada.
A impossibilidade de trabalhar e o impacto na família
Uma das maiores dificuldades enfrentadas por Grazielly é a impossibilidade de trabalhar fora. “Não consigo pensar em sair para trabalhar e deixar ela em casa, correndo o risco de uma crise de hipo ou hiperglicemia. No momento, o único provedor da casa é o meu esposo.”, lamenta.
Criando uma comunidade para ajudar outras famílias
Diante da dificuldade de encontrar informações sobre diabetes tipo 1 infantil, Grazielly decidiu criar um perfil nas redes sociais para compartilhar a rotina da filha.
“Ela adora gravar vídeos e achei que poderíamos ajudar outras famílias que passam pela mesma situação.”
Conselho para outras mães

Para as mães que acabam de receber o diagnóstico de diabetes tipo 1 para seus filhos, Grazielly tem um recado importante: paciência e dedicação.
“No início, é desesperador, porque tudo muda. Mas com o tempo, a gente aprende. Eu me senti perdida, mas fui pesquisando e hoje, apesar das dificuldades, estamos firmes. É um recomeço, mas é possível adaptar-se e dar uma vida feliz e saudável para nossos filhos.”