O diabetes ainda é cercado por desinformação. Em consultórios, redes sociais e até dentro de casa, muitas pessoas repetem informações erradas sobre a doença, reforçando mitos que podem prejudicar o tratamento e a qualidade de vida de quem convive com a condição.
Mas, afinal, o que é verdade e o que é exagero? Para esclarecer essas dúvidas, consultamos entidades brasileiras e reunimos os principais mitos que precisam ser derrubados.
1. Comer açúcar causa diabetes?
Esse é, sem dúvida, um dos mitos mais comuns. Muita gente acredita que comer doces ou exagerar no açúcar pode, por si só, levar ao desenvolvimento do diabetes. Mas a realidade é mais complexa.
O consumo excessivo de açúcar pode levar ao ganho de peso, e a obesidade é um fator de risco para o diabetes tipo 2. No entanto, isso não significa que o açúcar seja o único vilão. O sedentarismo tem um papel fundamental no desenvolvimento da doença, junto da alimentação desbalanceada como um todo.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia reforça que, para que o diabetes tipo 2 se desenvolva, é necessário que existam outros fatores associados, como histórico familiar, obesidade e resistência à insulina.
Ou seja, cortar o açúcar pode ser uma boa ideia para manter uma alimentação equilibrada, mas ele não é o único responsável pelo diabetes.
2. Diabetes tem cura?
Muita gente já ouviu falar de chás, dietas milagrosas ou terapias alternativas que prometem a cura do diabetes. Mas a verdade é que, até hoje, não existe um tratamento definitivo para a doença.
O que já está comprovado é que a adoção de hábitos saudáveis pode melhorar a qualidade de vida de quem tem diabetes. Em alguns casos de diabetes tipo 2, por exemplo, mudanças na alimentação, exercícios e perda de peso podem fazer com que a glicose fique dentro dos níveis normais por anos. Mas isso não significa cura. O organismo ainda tem a predisposição para o problema e, se os hábitos mudarem, a glicemia pode voltar a subir.
Para o diabetes tipo 1, que é uma doença autoimune e crônica, não há remissão. O tratamento envolve uso contínuo de insulina, monitoramento e uma alimentação equilibrada.
Estudos promissores estão sendo feitos ao redor do mundo para encontrar novas terapias, como o transplante de células beta do pâncreas e tratamentos com células-tronco, mas ainda não há nada disponível para o público geral.
3. Quem tem diabetes deve evitar frutas por causa do açúcar?
Essa é uma dúvida muito comum. Afinal, frutas contêm frutose, um tipo de açúcar natural. Mas isso não significa que quem tem diabetes precise eliminá-las da dieta. Pelo contrário! As frutas são fontes importantes de fibras, vitaminas e minerais, ajudando no funcionamento do organismo e na saúde como um todo. O segredo está na moderação e no equilíbrio.
Algumas frutas têm um impacto maior na glicemia, como banana, uva e manga, porque contêm mais carboidratos. Mas isso não significa que elas sejam proibidas. Tudo depende das porções e da combinação com outros alimentos, como proteínas e gorduras boas, que ajudam a evitar picos de glicose no sangue.
Um plano alimentar individualizado, feito com a orientação de um nutricionista, é a melhor forma de incluir frutas na rotina sem comprometer o controle da glicemia.
4. Quem tem diabetes não pode comer doces?
Muitos acreditam que o diagnóstico de diabetes significa um adeus definitivo aos doces. Mas isso não é verdade. Os doces podem, sim, fazer parte da alimentação de quem tem diabetes. Desde que sejam consumidos com moderação e dentro de um plano alimentar equilibrado.
Isso porque os doces contêm açúcares simples, que são absorvidos rapidamente pelo organismo, podendo causar picos de glicemia. Mas, quando consumidos ocasionalmente e em pequenas quantidades, é possível encaixá-los na alimentação sem grandes impactos. Além disso, hoje existem diversas opções de doces sem açúcar ou com substitutos menos impactantes para a glicemia.
O mais importante é ter monitoramento contínuo dos níveis de glicose e equilíbrio na dieta. Comer um doce de vez em quando não significa descuidar do tratamento.
5. O diabetes é uma doença silenciosa e fácil de identificar?
Esse mito pode ser perigoso. Muitas pessoas acreditam que é fácil perceber quando estão com diabetes. Mas, na verdade, os sintomas podem ser sutis ou até inexistentes por anos, especialmente no caso do diabetes tipo 2.
Muita gente só descobre que tem a doença ao fazer um exame de rotina ou quando já apresenta complicações, como problemas na visão, nos rins ou no coração. Ou seja, confiar apenas em sinais visíveis pode ser um erro. O ideal é fazer exames de rotina e acompanhar a glicemia regularmente, especialmente se houver fatores de risco, como sobrepeso, histórico familiar ou hipertensão.
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